A diaba e sua filha: o agradável rosto do mal / The devil and his daughter: the pleasant face of evil
Resumo
RESUMO: Neste artigo é analisada a obra A diaba e sua filha, de Marie Ndiaye, com o intuito de compreender como o mal é representado. Este intuito tem como apoio a própria materialidade do livro (ilustração, projeto gráfico, cor) que auxilia a iluminar a compreensão da obra. Além disso, há a temática da obra que investe na simbologia do rompimento da relação com a filha, a morte metafórica da criatura, como elemento perturbador associado ao desaparecimento. O referencial teórico que sustenta a investigação está apoiado em intelectuais como Giorgio Agamben, Georges Bataille e Eduardo Pellejero. Conclui-se que a caracterização do mal pela figura feminina tem longa tradição no imaginário coletivo do ocidente, na mitologia e em obras literárias.
PALAVRAS-CHAVE: Diabo. Literatura infanto-juvenil. Teopoética. Mal. Contemporaneidade.
ABSTRACT: This paper analyzes the tale A diaba e sua filha (The she-devil and her child) by Marie Ndiaye, with the purpose of understanding how evil is represented. This intent is supported by the materiality of the work itself (illustrations, graphic design, color), which aids in shedding light on the comprehension of the work. In addition, the theme in the tale invests in the symbolism of the she-devil’s breaking off the relationship with her daughter, the creature’s metaphorical death, as a disturbing element associated with disappearance. The theoretical framework which is the basis for the investigation is supported by intellectuals such as Giorgio Agamben, Georges Bataille and Eduardo Pellejero. The conclusion is that characterization of evil by the female figure has a long tradition in the western collective imagination, in mythology and in literary works.
KEYWORDS: Devil. Children's and youth literature. Theopoetics. Evil. Contemporaneity.
RESUMEN: El presente artículo analiza la obra A diaba e sua filha (La diablesa y su hija), de Marie Ndiaye, con el objetivo de comprender la manera en que se representa el mal. Este propósito se apoya en la propia materialidad del libro (ilustración, proyecto gráfico y color) que ayuda a iluminar la comprensión da obra. Además de eso, hay la temática de la obra que invierte en la simbología de la ruptura de la relación con la hija, la muerte metafórica de la criatura, como elemento perturbador asociado a la desaparición. El referencial teórico que sostiene la investigación se apoya en intelectuales, como Giorgio Agamben, Georges Bataille y Eduardo Pellejero. Se concluye que la caracterización del mal por la figura femenina tiene larga tradición en el imaginario colectivo del occidente, en la mitología y en las obras literarias.
PALABRAS CLAVE: Diablo. Literatura infantil juvenil. Teopoética. Mal. Contemporaneidad.
Texto completo:
PDF - P. 82-98Referências
AGAMBEN, Giorgio. Ninfas. Tradução de Renato Ambrosio. São Paulo: Hedra, 2012.
_____. O aberto: o homem e o animal. Tradução de Pedro Mendes. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2013.
ANDRUETTO, María Teresa. Por uma literatura sem adjetivos. Tradução de Carmem Cacciacarro. São Paulo: Pulo do Gato, 2012.
BATAILLE, Georges. A literatura e o mal. Tradução de António Borges Coelho. Lisboa: Vega, 1998.
BÍBLIA. A.T. Gênesis, In: BÍBLIA. Português. Bíblia de Estudo Almeida. 2.ed. revista e atualizada no Brasil. Tradução de João Ferreira de Almeida. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 2006, p. 18.
BRINKER, Virginie. A noite como metáfora dos mistérios da narrativa, 2011. Disponível em: https://editora.cosacnaify.com.br/Upload/Produto/1/1/5/2/7/a-diaba.pdf. Acesso: 12 de jan. 2019.
COUTO, Mia. Prefácio. In: NDIAYE, Marie. A diaba e sua filha. Tradução de Paulo Neves. Il. Nadja. São Paulo: Cosac Naify, 2011. p. 1.
CORAZZA, Sandra Mara. Para uma filosofia do inferno na educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2002.
FERRAZ, Salma. La Pietá: o Diabo é mulher e mãe piedosa! Disponível em: http://seer.pucgoias.edu.br/files/journals/4/articles/5377/submission/review/5377-16228-1-RV.doc Acesso: 10 de set. 2019. No prelo.
FRANZ, Marie Louise Von. A sombra e o mal nos contos de fada. Tradução de Maria Christina Penteado Kujawski. São Paulo: Paulus, 1985.
JACOBY, Sissa. A bruxa no imaginário infantil: a última bruxa de Josué Guimarães. Letras de Hoje, Porto Alegre, v. 44, n.4, p.86-91, out./dez.2009.
JOYCE, James. O gato e o Diabo. Tradução de Lygia Bojunga. Il. Marcelo Lelis. São Paulo: Cosac Naify, 2012.
KAVÁFIS, Konstantinos. Reflexões sobre poesia e ética. Tradução de José Paulo Paes. São Paulo: Editora Ática, 1998.
KEHL, Maria Rita. Delicadeza In: NOVAES, Adauto (Org.). A condição humana: as aventuras do homem em tempos de mutações. Rio de Janeiro: Agir; São Paulo: Edições Sesc, 2009. p. 453-468.
KRAMER, Heinrich; SPRENGER, Jacob. Malleus Malleficarum: o martelo das feiticeiras. Rio de Janeiro: Rosa dos Tempos, 1995.
LARAIA, Roque de Barros. Jardim do Éden revisitado. Revista de Antropologia, v.40, n.1. São Paulo: Universidade de São Paulo, 1997, p.149-164.
LERAY, Marjolaine. Uma Chapeuzinho Vermelho. Tradução de Júlia Moritz Schwarcz. São Paulo: Companhia das Letrinhas, 2012.
LINDEN, Sophie Van der. Para ler o livro ilustrado. Tradução de Dorothée de Bruchard. São Paulo: Cosac Naify, 2011.
MAFFESOLI, Michel. Saturação. Tradução de Ana Goldberger. São Paulo: Iluminuras: Itaú Cultural, 2010.
MORAES, Odilon; HANNING, Rona e PARAGUASSU, Maurício. Traço e prosa: entrevistas com ilustradores de livros infanto-juvenis. São Paulo: Cosac Naify, 2012.
NDIAYE, Marie. A diaba e sua filha. Tradução de Paulo Neves. Il. Nadja. São Paulo: Cosac Naify, 2011.
NOGUEIRA, Carlos Roberto Figueiredo. As companheiras de Satã: o processo de diabolização da mulher. Espacio, Tiempo y Forma, Revista de la Facultad de Geografía e Historia, v. IV, n. IV, p. 9-24, 1991.
PELLEJERO, Eduardo. Simpatia pelo demônio: Bataille e a insubordinação da literatura. Revista Investigações. Natal, vol. 24, nº 1, janeiro de 2011, p. 221-235.
STANFORD, Peter. O Diabo: uma biografia. Tradução de Marcia Frazão. Rio de Janeiro: Gryphus, 2003.
Apontamentos
- Não há apontamentos.
Direitos autorais 2019 Guavira Letras