Os topônimos do Recôncavo da Bahia / The toponyms of the Bahia Recôncavo
Resumo
RESUMO: Os topônimos do Recôncavo baiano apresentam uma rica diversidade linguística, compatível com as influências culturais vivenciadas nesse território. Em seu espaço geográfico, há uma presença marcante dos estratos dialetais indígenas, africanos e europeus, por ter sido uma das primeiras regiões brasileiras colonizadas e exploradas economicamente. A mistura desses povos pode ser verificada nos topônimos encontrados na microtoponímia dessa região: nomes de fazendas, comunidades e hidrografia, formados por nomes de origem Tupi associados a nomes e morfemas originários do latim ou de outras línguas europeias, que foram emitidos como um empréstimo ou uma mistura. Também é possível verificar a presença de formações toponímicas em que existe a união do estrato europeu com o repertório léxico das línguas bantas: quicongo, quimbundo e umbundo e das línguas cuá: yorubá e fon, revelando a presença dos povos africanos na cultura brasileira. Assim, o estudo toponímico é, na sua base, interdisciplinar, uma vez que utiliza outras áreas do conhecimento, como História, Geografia, Antropologia e Sociologia, como forma de base científica. Desta forma, a toponímia é o ramo dos estudos linguísticos que confirma a força dinâmica e interativa que o idioma possui, ratificando que a variação linguística está presente em todas as línguas naturais.
PALAVRAS-CHAVE: Toponímia. Recôncavo baiano. Identidade cultural.
ABSTRACT: The toponyms of the Bahian Recôncavo presented a rich linguistic diversity, compatible with the cultural influences experienced in this territory. In its geographic space, there is a remarkable presence of the indigenous, African and European dialectal strata, since it was one of the first Brazilian regions that were colonized and economically exploited. The mixture of these peoples can be ascertained in the toponyms found in the microtoponymy of this region: names of farms, communities and hydrography, formed from Tupi origin names associated with names and morphemes originated from Latin, or from other European languages, that were issued as a loan, or a mixture. It is also possible to verify the presence of toponymic formations in which there is the union of the European stratum with the lexical repertoire of the Bantu languages: quicongo, quimbundo and umbundo and of the languages cuá: yorubá and fon, revealing the presence African peoples in Brazilian culture. Thus, the toponymic study is, in its base, interdisciplinary, since it uses other areas of knowledge, such as History, Geography, Anthropology and Sociology, as a form of scientific basis. In this way, Toponymy is added to the other linguistic studies that confirm the dynamic and interactive force that the language possesses, affirming that linguistic variation is present in all natural languages.
KEYWORDS: Toponymy. Reconcavo of Bahia. Cultural identity.
Texto completo:
PDF - p. 96-104Referências
REFERÊNCIAS
BASÍLIO, M. Polissemia sistemática em substantivos deverbais. Ilha do Desterro, Florianópolis, n. 47, p. 49-71. Disponível em: http://www.periodicos.ufsc.br/index.php/desterro/article/viewFile/7347/6769. Acesso em: 06 dez. 2009.
BIDERMAN, M. T. C. Teoria linguística: linguística quantitativa e computacional. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1978.
CARDOSO, S. A. M. Geolinguística: tradição e modernidade. São Paulo: Parábola, 2010.
CASTRO, Yeda Pessoa de. Falares africanos na Bahia: um vocabulário afro-brasileiro. Rio de Janeiro: Academia Brasileira de Letras/ Topbooks Editora, 2005.
DICK, M. V. de P. do A. A motivação toponímica e a realidade brasileira. São Paulo: Arquivo do Estado de SP, 1990a.
DICK, M. V. de P. do A. Toponímia e Antroponímia no Brasil. Coletânea de Estudos. 2. ed.. São Paulo: [s.n.], 1990b.
DICK, M. V. de P. do A. A dinâmica dos nomes na cidade de São Paulo 1554-1897. São Paulo: ANNABLUME, 1996.
DIETRICH, W. O tronco tupi e as suas famílias de línguas: classificação e esboço tipológico. In: Noll, V., Dietrich, W. (Orgs). O português e o tupi no Brasil. São Paulo: Contexto, 2015. p. 27-48.
HOUAISS, A., V. M. de S. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Versão eletrônica. Rio de Janeiro: Instituto Antônio Houaiss de Lexicografia, Banco de dados da Língua Portuguesa S/C Ltda. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009.
ROCHA, L. C. de A. Estruturas morfológicas do Português. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.
RODRIGUES, A. D. Tupi, tupinambá, línguas Gerais e português no Brasil. In: Noll, V., Dietrich, W. (Orgs). O português e o tupi no Brasil. São Paulo: Contexto, 2015. p. 68-99.
SAMPAIO, T. O tupi na geografia nacional. 5 ed. São Paulo: Editora Nacional: 1987.
SUPERINTENDÊNCIA DE ESTUDOS ECONÔMICOS E SOCIAIS DA BAHIA. Estatísticas dos municípios baianos. Território de Identidade Recôncavo. v. 13. Salvador: SEI. Disponível em: http://www.sei.ba.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=76&Itemid=110>. Acesso em: 12 mai. 2012.
Apontamentos
- Não há apontamentos.
Direitos autorais 2018 Guavira Letras (PPG-Letras) - ISSN 1980-1858