Biografia jornalística: Algumas possibilidades
Resumo
Neste artigo abordamos as biografias de natureza jornalística sob alguns aspectos narrativos, além de estratégias para a (re)construção dessa trajetória biográfica. Tal desejo surgiu da curiosidade a respeito do gênero que aparece sempre no topo nas listas de comercialização e abarrota as vitrines de livrarias e bibliotecas, principalmente a partir do século XX, mas ainda é desprezado, de certa forma, pela academia. Verificamos que nas biografias escritas por jornalistas de ofício, o que é uma tendência atual de mercado – muitas das peças do quebra-cabeça biográfico ou puzzle, como denomina Décio Pignatari (1996), não se encaixam ou parecem pertencer a outro jogo. Assim, muitas dessas lacunas deixadas, por essas peças faltantes ou desencaixadas, são contornadas com a ficcionalização e com o que Roland Barthes, em Câmara Clara (2011) e Sade, em Fourier, Loyola (2010) denomina biografemas. Aqui, nos propomos a apresentar algumas técnicas de abordagem usadas nas biografias. A presente pesquisa adota como corpus principal a obra Getúlio: dos anos de formação à conquista do poder (1882-1930), do jornalista Lira Neto (2012), indexada como uma narrativa jornalística, na forma de biografia.
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PDF - p. 187-201Referências
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